sábado, 28 de fevereiro de 2009

A ALMA DO LUGAR



No horizonte
Em meus olhos persiste
Uma linha do oceano que não existe

Meus passos esperam a duplicidade
De uma cidade traiçoeira
Que mostre todas as coisas
Sem perspectiva,
Como desenho medieval
E me reserve labirintos
Por trás de cada
Entrada discreta
Mas as coisas seguem-se, uma após outra
Em linhas retas

O que era oculto se revela
E o que se revela, se oculta
Tudo operando ao avesso

Evito o calor extremo
De um sol que não aquece

Em Curitiba
Minha alma vertiginosamente corre
Os desvão dos prédios
Os espaços vazios
O frio que é uno com a paisagem
(não há como separá-los)
A opacidade do ar
(não há neblina
o oxigênio que é embaçado)

Embora seja ávido por esta cidade
Enquanto na minha reservo
O desdém da rotina
A todo momento ela permanece
Um fantasma, que me assombra
Flutua, e me aparece
No momento em que admiro
Sua diferença.

Evoco-a a todo instante
Sem poder escapar
De seu esquadro, de sua régua

Não importa
Sei que um dia me livrarei dela.

Nesse dia, enfim.
Estarei tão impregnado de Curitiba
Que julgarei ser ela natural
E tudo o mais, artificial







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